III – Início da redemocratização à República Nova (1978-2000) – Segundo o educador e estudioso de africanidades Cunha Jr.: “tínhamos três tipos de problemas, o isolamento político, ditadura militar e o esvaziamento dos movimentos passados. Posso dizer que em 1970 era difícil reunir mais que meia dúzia de militantes do movimento negro”. O campo cultural e intelectual foi o primeiro a sinalizar que o movimento negro estava ressurgindo, como o Centro de Cultural e Arte Negra (CECAN/1972). Em Porto Alegre é formado o Grupo Palmares, a primeira instituição a sugerir a substituição das comemorações do 13 de maio (assinatura da Lei Áurea) para o 20 de novembro (morte de Zumbi dos Palmares). Embora importantes, até o momento não havia surgido nenhum movimento expressivo de orientação política no enfrentamento ao regime, até que nasce o Movimento Negro Unificado.
IV – Século XXI – Os últimos 20 anos do movimento negro apresenta muitas vozes e diversidade. No campo da legislação, políticas públicas e, especialmente, na cultura.
Quadro comparativo da trajetória do movimento negro na República
Movimento Negro Brasileiro | Primeira Fase (1889-1937) | Segunda Fase (1945-1964) | Terceira Fase (1978-2000) |
Tipo de discurso racial predominante | Moderado | Moderado | Contundente |
Estratégia cultural de “inclusão” | Assimilacionista | Integracionista | Diferencialista (igualdade na diferença) |
Principais pontos ideológicos e posições políticas | Nacionalismo e defesas das forças políticas de direita, na década de 1930 | Nacionalismo e defesa das forças políticas de “centro” e de “direita”, nos anos de 1940 e 1950 | Internacionalismo e defesa das forças políticas da “esquerda marxista”, nos anos 1970 e 1980 |
Para saber mais sobre afrofuturismo:
Para servir de apoio:
Movimento Negro Brasileiro | Primeira Fase (1889-1937) | Segunda Fase (1945-1964) | Terceira Fase (1978-2000) |
Conjuntura internacional | Movimento nazifascista e pan-africanista | Movimento da negritude e de descolonização da África | Afrocentrismo, movimento dos direitos civis nos Estados Unidos e de descolonização da África |
Principais termos de autoidentificação | Pessoa de cor, negro(a) e preto(a) | Pessoa de cor, negro(a) e preto(a) | Adoção oficial do termo “negro(a)”. Podendo fazer uso também dos termos afro-brasileiro ou afro-descendente |
Causa da marginalização do negro | Escravidão e o despreparo moral/educacional | A escravidão e o despreparo cultural/educacional | A escravidão e o sistema capitalista |
Solução para o racismo | Pela via educacional e moral, nos marcos do capitalismo ou da sociedade burguesa | Pela via educacional e cultural, eliminando o complexo de inferioridade do negro e reeducando racialmente o branco, nos marcos do capitalismo ou sociedade burguesa | Pela via política (“negro no poder!”) |
Métodos de lutas | Criação de agremiações negras, palestras, atos públicos “cívicos” e publicações de jornais | Teatro, imprensa, eventos acadêmicos e ações visando à sensibilização da elite branca para o problema do negro no país | Manifestações públicas, imprensa, formação de comitês de base, formação de um movimento nacional |
Relação com o “mito” da democracia racial | Denúncia assistemática do “mito” da democracia racial | Denúncia assistemática do “mito” da democracia racial | Denúncia sistemática do “mito” da democracia racial |
Capacidade de mobilização | Movimento social que chegou a ter um caráter de massa | Movimento social de vanguarda | Movimento social de vanguarda |
Relação com a “cultura negra” | Distanciamento frente alguns símbolos associados à cultura negra (capoeira, samba, religiões de matriz africanas) | Ambiguidade valorativa diante de alguns símbolos associados à cultura negra (capoeira, samba, religiões de matriz africana) | Valorização dos símbolos associados à cultuar negra (capoeira, samba, religiões de matriz africana, sobretudo o candomblé) |