Walter Benjamin nasceu em 15 de julho de 1892 em Berlim, filho de um casal de judeus assimilados. Estudou filosofia, literatura alemã e história da arte entre Freiburg, Berlim, Munique e Berna. O filósofo associado à Escola de Frankfurt emigra em 1933 para a França, após a ascensão dos nazistas ao poder. Em 1936 publica “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” a fim de analisar como as mudanças operadas pela modernidade com o advento da fotografia e do cinema (e as transformações trazidas pelas respectivas técnicas) mexem com o status da obra de arte, retirando-lhe a “aura”, característica que a torna única, experiência da contemplação “aqui e agora”.

Em sua essência, a obra de arte sempre foi reprodutível. O que os homens faziam sempre podia ser imitado por outros homens. A partir da perspectiva de Benjamin, a arte passa a ser pensada de modo diverso: a reprodução deixa de ser tratada como uma mera cópia e passa a ser pensada como a própria obra.

Walter Benjamin aponta para algumas questões importantes como a noção de autenticidade, o valor de culto e a unicidade na obra de arte. O “hic et nunc“* do original constitui o que chama de autenticidade, a unicidade de sua presença no próprio local onde ela se encontra. No entanto, esse conceito não tem sentido para uma reprodução, técnica ou não, pois esta noção escapa a toda reprodução, estabelece então diferenciações e níveis na própria autenticidade:

“O que faz com que uma coisa seja autêntica é tudo o que ela contém de originariamente transmissível, desde sua duração material até seu poder de testemunho histórico. Como esse testemunho repousa sobre essa duração, no caso da reprodução, em que o primeiro elemento escapa aos homens, o segundo – o testemunho histórico da coisa – encontra-se igualmente abalado. Não em dose maior, por certo, mas o que é assim abalado é a própria autoria da coisa” (p. 225).

* Hic et nunc é uma expressão latina que significa literalmente “aqui e agora”. Ela faz parte do Existencialismo, uma doutrina da filosofia que têm ênfase na liberdade das pessoas, ao mesmo tempo em que ressalta a responsabilidade de cada um.

De acordo com o autor, a partir da modernidade instaura-se um declínio da absoluta singularidade do ser (aura), que resulta de duas circunstâncias, ambas em correlação com o crescente papel desempenhado pelas massas na vida atual. Encontram-se duas tendências de iguais forças nas próprias massas que por um lado exigiriam que as coisas se tornassem espacial e humanamente, “mais próximas” e, por outro, tendem a acolher as reproduções.

Para Benjamin, esse declínio ocorre por causa do desaparecimento das atividades favoráveis como contar histórias e, dessa maneira, a ausência de transmissão da experiência coletiva por meio da tradição. Essa discussão faz surgir um novo fato: a emancipação da obra de arte da existência parasitária que lhe era imposta por sua função ritual. Portanto, desde que o critério de autenticidade não mais se aplique à produção artística, toda função de arte é subvertida, ela se funda agora não apenas no ritual, mas noutra forma da práxis: a política.

Para analisar mais profundamente a teoria de Benjamin precisamos compreender dois conceitos: dialética e práxis

Etimologia – Dialética vem do grego: Dia (troca, dualidade) e Lektikós (palavra, razão, apto à palavra). Dialética seria a arte, por meio do diálogo, de demonstrar um assunto, de modo argumentativo:

Tese – Refere-se a um argumento se expõe para se questionar (ideia inicial).

Antítese – É o argumento que opõe à proposição da tese (nova ideia ou resposta).

Síntese – É a fusão da tese e da antítese, que retém apenas os aspectos verdadeiros de ambas proposições (junção das ideias ou conclusão).

Podemos entender a práxis como a situação concreta em que utilizamos a teoria de maneira efetiva, prática

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