A reificação ou coisificação: é a transformação dos seres humanos em coisas. Em consequência, a “humanização” da mercadoria leva à desumanização da pessoa, isto é, o indivíduo é transformado em mercadoria, em objeto de posse de outro.
o que é coisa?
É algo material, mas também pode ser incorpóreo (imaterial), quando utilizamos a palavra estamos fazendo menção a um objeto, peça, acessório, utensílio, produto, instrumento, elemento.
Enfim, qualquer item que exista e que não nomeamos especificamente. A palavra coisa também pode se referir a algo de pouco valor.
Ainda existe a possibilidade de colocarmos a palavra a exemplo de um pensamento, de uma ideia. Por exemplo, “Não consigo tirar essa coisa da minha cabeça!”
Como uma palavra com tantos sentidos e formas para expressar objetos, também pode servir para desqualificar o ser humano na sua plenitude? Enfim, como um ser humano transforma-se em menos, transforma-se em objeto, posse, mercadoria?

Sabemos que há poucos séculos pessoas foram utilizadas para o trabalho sem quaisquer remunerações ou possibilidade de bem-estar. A escravidão só foi possível porque os seres humanos apreendidos tiveram a sua humanidade subtraída. O humano quando escravizado se torna coisa, mercadoria de alguém. Ele tem todos os seus direitos extraídos.

Por exemplo, imaginemos um boi que vai para cima de um grupo de pessoas, pisoteia algumas delas, ocasionando a morte de alguém. Esse boi será responsabilizado? As leis foram elaboradas para promover a ordem entre as pessoas que estão convivendo em sociedade, todos temos alguma noção do que é legal e do que não é. É muito possível que o dono do boi seja responsabilizado pela tragédia. Agora, vamos fazer o exercício de imaginar um escravo provocando a morte de alguém. Hoje, a qualquer pessoa que cometa um crime a lei recairá sobre ela, será julgada pelos seus pares, isto é, outras pessoas da sociedade. Mas, caso um escravo cometesse algo parecido, a ele não caberia um julgamento pelo fato de que ele não era considerado pessoa, mas sim mercadoria, coisa. Cabia ao senhor, ao dono do escravo a punição que entendesse como mais apropriada.
Mas e no século XXI? Sabemos que ainda existem condições de trabalho análogas (parecidas) à escravidão. Mas ainda encontramos formas em que as pessoas são transformadas ou pensadas como coisas?
Entendimento da significação do termo a partir do século XVIII: humilhação como transgressão das expectativas legítimas que todo e cada indivíduo tem de ser respeitado e tratado com dignidade. Sobre a humilhação como categoria para analisar a sociedade e suas instituições destacamos dois filósofos: John Rawls e Avishai Margalit
John Rawls (1921-2002), ao analisar instituições, propõe:
•uma concepção adequada de justiça leva em consideração a humilhação e dá as bases sociais do autorrespeito (garantia de condições para que os indivíduos adquiram um senso de si como pessoa com valor moral e desenvolvam capacidades morais para percorrer seu plano de vida autonomamente).
•a humilhação pode ocorrer de duas formas:


Já para o filósofo israelense Avishai Margalit, podemos pensar na humilhação como qualquer atitude ou condição que constitua bom motivo para que uma pessoa considere que seu autorrespeito (respeito à própria humanidade) foi injuriado. Mas… apenas as instituições podem praticar humilhação? E há apenas dois tipos de humilhação?
Margalit amplia a caracterização do humilhado para toda e qualquer pessoa que seja tratada como se não fosse humana, como: •um objeto, máquina ou animal não humano; •um indivíduo não livre, submisso, subumano; •um indivíduo cuja participação em grupos sociais ou políticos seja considerada ilegítima. Opta pela “philosophical negative”: não é a justiça que nos leva à política, mas sim a injustiça – evitar o mal (neste caso, a humilhação) é mais adequado do que perseguir o bem enquanto ideal. É imperativo moral da sociedade combater a crueldade.
Na obra “A sociedade decente” Margalit questiona: Por que as pessoas devem ser respeitadas? Há pelo menos 3 motivos possíveis:




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O documento que estabelece e procura salvaguardar a dignidade humana é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas em 1948 na busca de garantir amparo e proteção a todos indivíduos, na vida em coletividade.