O samba surgiu a partir da segunda metade do século XIX, com inúmeros elementos da cultura africana. Os escravos que viviam na Bahia organizavam festas chamadas de samba (o termo tem origem no angolano semba, um tipo de dança em que os umbigos se aproximam). No Rio de Janeiro, embora as rodas de samba fizessem muito sucesso entre as camadas populares, o samba continuava sendo percebido como caso de polícia, especialmente por ser muito ligado à cultura africana e seus elementos religiosos.

Por volta de 1930, o samba se espalhou pelas rádios e festas populares de todo o Brasil. Surgiram novos sambistas e compositores, como Noel RosaCartolaDorival CaymmiAry Barroso e Adoniran Barbosa, muito importantes para a música brasileira até hoje. As músicas tinham ritmo mais lento e falavam principalmente de desilusões amorosas. Em 1940 o samba, finalmente foi considerado símbolo nacional.

O reconhecimento do samba, também pelas elites, veio com uma certa modernização do estilo e mescla (ou influência) do jazz, esse novo gênero é chamado bossa nova. E, se o samba tinha por tema a vida nas comunidades, amores e desamores; os intérpretes da bossa nova cantavam as belezas naturais do Rio de Janeiro, a boa vida e, é claro, o tema dos amores e desamores não saem das rádios com o novo estilo. Seus principais expoentes são Tom Jobim, Vinícius de Moraes e João Gilberto.

A influência estrangeira no samba e a presença, considerada excessiva, de gêneros internacionais no rádio eram os principais pontos criticados por críticos musicais. Um desses críticos, também cantor e radialista, conhecido por Almirante apoiava a ideia de Ary Barroso, então vereador pela UDN (União Democrática Nacional) carioca, de criar um imposto para a entrada de música estrangeira no Brasil, pois o “mal [ouvinte] brasileiro” preferia o suingue e o bolero, mesmo medíocres, ao bom samba.

Segundo o crítico Tinhorão (1974), “a década de 1950, porém, marcava o advento de uma recente separação social no Rio de Janeiro – pobres nos morros e na Zona Norte e ricos e remediados na Zona Sul – que não favorecia de modo algum este contato com as fontes do ritmo popular. Pelo contrário, propiciava o surgimento de uma camada de jovens completamente desligados da tradição musical popular […]. Esse divórcio iniciado com a fase do samba tipo bebop e abolerado de meados da década de 1940 atingiria o auge em 1958, quando um grupo de moços […] rompeu definitivamente com a herança do samba popular”. (221).

A Bossa Nova traz para a classe média a intensificação do costume de comprar, consumir música brasileira. Em 1959, apenas 35% dos discos vendidos eram de música brasileira; 10 anos depois ,as cifras mudaram e 65% dos discos vendidos são de música brasileira.

A seguir alguns dos principais sucessos das rádios brasileiras durante a década de 1950:

Dalva de Oliveira (1917-1972)

“Kalu” (1952)

Linda Batista (1919-1988)

“Risque” (1953)

Carmen Costa (1920-2007)

“Cachaça não é água” (1953)

Demônios da Garoa

“Samba do Arnesto” (1955)

Cauby Peixoto (1931-2016)

“Conceição” (1956)

Dorival Caymmi (1914-2008)

Na Baixa do Sapateiro (1958)

Celly Campello (1942-2003)

“Estúpido Cupido” (1959)

João Gilberto (1931-2019)

“Chega de saudade” (1959)

Referência bibliográfica:

TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular: da modinha à canção de
protesto. Petrópolis: Vozes, 1974.

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